domingo, 7 de fevereiro de 2010

Apenas mais uma sobre amor, dor, e tudo o mais

Ela acordou com uma tremenda palpitação. Junto a isso se juntaram dor de cabeça, e náuseas. Uma dor na garganta e tontura também foram imprescindíveis. Tudo isso, junto, assim, só podia ser sintoma de uma doença, – não, não era dengue, nem desidratação, nem faringite, nem febre amarela, nem nada do que possa estar parecendo – era, isso sim: dor de cotovelo, misturada à saudade e ao amor não mais correspondido.
Depois do fim, o que lhe restou foram dores, pelo corpo todo, feito febre que não passa, feito doença que não tem remédio que cure, e ainda vai levar tempo para acabar.
Sabe o que eu acho? Eu até teria falado a ela, mas achei melhor deixá-la quietinha, pois o silêncio, às vezes, pode trazer idéias para solucionar o problema – penso que a indústria farmacêutica ganharia rios (rios não, oceanos) de dinheiro se eles resolvessem vender remédio para esse mal chamado amor. Eles devem saber qual é a solução, afinal, estudam anos para isso. E, além do mais, nunca vi um(a) farmacêutico(a) padecendo com tais dores, com esse mal. Eles não querem repartir o conhecimento deles! Quanto egoísmo!
Se bem que vi minha amiga farmacêutica, certa vez, lamentando-se, e quase chorando, por um amor assim. Será que não contaram a fórmula do remédio a ela? Pobrezinha! Não, talvez eu esteja enganada, e eles não conheçam a cura ainda.
Talvez um remédio paliativo, que não cura, mas alivia um pouco a dor, por um momento. Acho que já daria lucro. Talvez um coquetel que pudesse ajudar a combater, mesmo que não fosse o mal em si, mas, pelo menos, o que ele acarreta. Mas o melhor, com certeza, seria um remédio bastante eficaz, que começasse a agir desde o início: desde o primeiro olhar, antes que esse se evoluísse para um flerte. Seria, de fato, ótimo! A oitava maravilha do mundo!
Mas, pensando um pouquinho mais, e melhor, talvez a ciência já tenha descoberto a cura total, uma forma de eliminar toda e qualquer forma possível de amor, mas tenham jogado toda a descoberta ralo abaixo, pois descobriram, logo em seguida, que a vida não existe sem amor, e que se se morre vagarosamente, um pouco por dia, por causa dele, sem ele, não existiria vida no universo, sem ele, nem ao menos nasceríamos. Quanto à dor dela? Nossos bisavós estavam certos: o tempo cura – se não cura, pelo menos acalma e aquieta o coração. É mesmo assim...