sexta-feira, 9 de março de 2012

Recolhidamente

O relógio me chama à vida
Enquanto olho através da janela,
Vejo as novidades pela cidade,
Mas não me animo a conhecê-las de perto.
Passo os dias contando os tique-taques,
Que este contador da vida faz.
Às vezes me vejo no espelho
Percebendo o tempo que passou.
Palavras escapolem de mim
Enquanto contemplo a natureza,
E penso no meu pretérito imperfeitíssimo
E no meu futuro
Perfeitamente indefinido.
Presente só recolhidamente,
Encolhida neste canto meu.
Versos e bolas de papel:
Eu escrevendo para não enlouquecer,
Passando meus dias na esperança,
Esperando encontrar-lhe na rua
Através dos vidros deste quarto,
Para quem sabe, então,
Voltar a viver.