sábado, 18 de fevereiro de 2012

O tique-taque do espelho

O relógio conta e canta:
Tique-taque, tique-taque, tique-taque...
Olho para o espelho, e nele não me vejo
O tempo passou e o coração está vazio
Ele bateu a porta, e nunca mais voltou
A janela se fechou, emperrou e não mais abriu,
Para que eu contemplasse o sol.
Este rosto que eu vejo
É só um, e, não mais, o mesmo
Este rosto não é o meu
É o que sou agora, não o que eu gostaria
Minha verdadeira face
Se perdeu nas malas dele,
Na falta de adeus dele,
No beijo que eu nem sabia ser o último,
Na porta fechada.
Metade do espelho
enferrujou
Pela falta da cara dele,
Do sorriso dele,
Da magia carregada com ele.
Ele não mais me quis,
Não mais quis meu mundo.
O relógio conta e canta:
Tique-taque, tique-taque, tique-taque...
Sucessivamente até sei lá quando
O tempo não me deu tempo,
O tempo não me dá tempo,
O tempo não me dará:
Nem o retorno do tempo,
Nem o suficiente
Para fazê-lo voltar.
O espelho sente falta,
E eu também.